giovedì 24 settembre 2009

poema de meu irmao - 21 de janeiro 2009



SEPULTURA


meus antepassados nasceram na Transilvânia
terra onde Drácula bebia sangue engarrafado
e é como a humanidade acredita como verdade,
mas mesmo ali não sendo a África
os leões dali eram dóceis ovelhas
e ágeis gazelas
e os homens fortes e valentes mesmo usando saia
e meu avô declamava em hebreu:
“neto, no teu sangue corre a nobreza dos judeus
a sabedoria do Salomão a valentia do David,v
viverá a tragédia dos macabeus
sem morrer mutilado nos rochedos ao redor da fortaleza
e será um anônimo herói como todos os desaparecidos
há mais de cinco mil anos”
e eu vi o vento dos Carpátos mover os fios brancos
dos seus longos bigodes
e das montanhas desci e cresci no asfalto
e me debati e bati com monstros de duas pernas
e vivi como um leão sem ser ovelha nem gazela ,

faz tanto tempo que em minha mente só encontro confusão,
a minha memória é u m caos e nostalgia
e da nostalgia surge a melancolia
e da melancolia escorre o rio da saudade
e a saudades se desdobra em outras menores
e choram agarradas umas soabre as outras
desesperadas e se destroem aos poucos
e a demência se apossa como um osso
entre os dentes de um cão velho
e não sei mais se ainda tenho algo bom
do que possa me lembrar

meus pais se escondem silenciosos
de baixo da terra com uma pedra em cima
e meus amigos me acenam lá de cima
entre o sol de dia e as estrela noturnas
e me colocam numa armadura
oh tortura!

e ouço vindo lá de cima o rei David
falar – vamos fumar mais um cigarro –
e o velho Salomão: – minhas mulheres são tuas –
e o perfume do escuro e dos pés vai e vem
entre as estrelas e o um estreito túnel
e no silencio que me cerca alguém chora
ou será que é a risada da loucura?

é uma noite quente de verão em 2009
e ninguém nada nesse mar de espuma noturna
e nenhuma armadura cintilante me procura

sento no paredão onde o mar bate duro
acendo um cigarro e olho com doçura
o vai e vem elegante das ondas debaixo da lua
e a voz do meu avô trazido pelos ventos murmura:
“ menino, aqui será sua sepultura”

3 commenti:

Germano Viana Xavier ha detto...

A palavra imortal.
A palavra eterna.

Meu carinho, Myra.
Força sempre.

Luísa ha detto...

Obrigada pela partilha!
Beijinho terno

Paula Barros ha detto...

Myra, me doia e me doi ler nosso querido falando de nostalgia, das lembranças, eu sentia a dor que ele sentia.

Mas era um sábio, um homem de uma inteligência que me impressionava, de uma memória que o fazia um sábio, mas que também fazia ele sofrer.

beijo