sabato 12 dicembre 2009

um poema de meu irmao - foto Dominique Landau


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
PEDRAS


o que faz a gente escrever poemas
ou outros tipos ou maneiras
de juntar palavras e pensamentos
criar imagens com sem sentido
como meu amor é infinito
ou minha mente é um deserto
ou seus olhos são dois lagos fundos
mas isso é coisa de infantil inocência
no fundo da garrafa de cachaça
o poeta é um afogado em dor e mágoa
e se escreve o que sente
ele tenta se salvar do desespero
não quer ajuda nem pede socorro
mergulha na solidão e no calor do inferno
e o peso de tudo que o cerca
aponta na direção da sua nuca
facas estiletes lança pontuda
e se pensarmos bem somos todos poetas
e andamos por aí
nossas mentes esquecidas nas esquinas
e batemos com punhos nosso peito
cerimonial darwiniano
e temos que recitar os poemas aos animais
com cuidado como melodias ou sinfonias
e se no meio da bicharada aparecer um humano
de olho vazado, perna cortada, e braço amputado
não parem o recital
vivemos há milênios
com mães pingando dos seios sangue e leite
e os poemas nada mais são que pedras nos cemitérios

10 commenti:

Tempus fugit ha detto...

Todos somos poetas... o por lo menos somos versos que a veces rimamos para formar la poesía de la vida.


besos

Paula Barros ha detto...

Ler poemas dele e não poder elogiar diretamente ele, ou arengar com ele, ou discordar, é ficar inquieta.

Que ele possa está rindo da gente em algum lugar, e chamando a gente de bobinha.

E dele, herdei você, com um carinho duplicado.

abraços minha linda.

Anonimo ha detto...

Não somos areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Mas a orelha encostada na concha da vida.
O poeta e seu destino escrevem a quatro mãos nem sempre estão afinados, nem sempre se levam a sério...

Intenso o poema de teu irmão!

Beijo carinhoso

Cadinho RoCo ha detto...

Com que intensidade podemos sentir em nós o poema de cada poema esparramado em inspiração e vontade de ser o que é e o que também deixa de ser.
Cadinho RoCo

Carmem Salazar ha detto...

saudade, tbém, Myra!

um beijo

Unknown ha detto...

Gostei muito Myra!!

"Não parem o recital"

Um gande beijinho Myra!!

chica ha detto...

Lindo e forte, profundo, o poema do teu irmão.beijos, bom final de domingo por aí!chica

TORO SALVAJE ha detto...

Que buen poema.

Besos.

Branca ha detto...

Querida Myra,

Ler os poemas de seu irmão é assim como levar uma sacudidela de realismo e de interpretação inteligente dos dias que vivemos.
Era um homem muito lúcido e os seus versos fortes mostram-no bem.
Gostei muito, bem como da foto de Dominique.
Um grande beijo para ti.
Branca
Branva

Luísa ha detto...

Myra,
não sei bem se o que li me sacudiu ou me acordou!
não sei se me fez retroceder ou aligeirar os passos para frente!
Só sei que não me revi nele, pois o meu eu racional conjuga-se lindamente com o meu eu emocional e não fazem disparates...
Gostaria que muita gente pudesse ler este tão belo e intenso poema.
Far-lhes-ia muito bem!
Beijinho terno1