ENTREVISTA?
SUENOS ANGUSTIAS ILUSIONES
SENTIMIENTOS
SENSACIONES DESILUSIONES
TODO ESTO LO TRADUZCO
TRATO DE COMUNICARLO
EN LINEAS
SENTIMIENTOS
SENSACIONES DESILUSIONES
TODO ESTO LO TRADUZCO
TRATO DE COMUNICARLO
EN LINEAS
PARALELAS PERPENDICULARES
DIVERGENTES CONVERGENTES
TRATE DE SEGUIR UNA LINEA
RECTA
DIVERGENTES CONVERGENTES
TRATE DE SEGUIR UNA LINEA
RECTA
A VECES ME IBAN DE LA MANO
COMO LA VIDA MISMA Y
SE HACIAN CUADRITOS
COMO MI VIDA "ME LA HAGO CUADRITOS
ANGUSTIAS REBELDIAS SENTIMENTOS
ILUSIONES
ESPERO
COMO LA VIDA MISMA Y
SE HACIAN CUADRITOS
COMO MI VIDA "ME LA HAGO CUADRITOS
ANGUSTIAS REBELDIAS SENTIMENTOS
ILUSIONES
ESPERO
DESENCUENTROS Y ARRITMIAS
EL PRINCIPIO DE UN REENCUENTRO
CON EL FUTURO
A TRAVES DEL PASSADO
EL PRINCIPIO DE UN REENCUENTRO
CON EL FUTURO
A TRAVES DEL PASSADO
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Uma
entrevista? Não gosto, não sei o que dizer..., vou dizer demais ou de menos.
Vai ser muito difícil. Nesta idade é bem possível que a minha memória
ande por aí..., fugindo!
Imagino que quer saber como quando e porque sou pintor. Quando? Em verdade, nem eu sei. Porquê? Desde que tenho uso de razão, queria ser mesmo era escritora! Foi enquanto esperávamos um navio em Lisboa para ir para o Brasil, único país que nos deu visto. Foi em 1941. Eu assustada, ou não sei porquê, agarrava qualquer papel e fazia linhas ou quadrinhos, sem nenhuma ideia, sem qualquer intenção.
Imagino que quer saber como quando e porque sou pintor. Quando? Em verdade, nem eu sei. Porquê? Desde que tenho uso de razão, queria ser mesmo era escritora! Foi enquanto esperávamos um navio em Lisboa para ir para o Brasil, único país que nos deu visto. Foi em 1941. Eu assustada, ou não sei porquê, agarrava qualquer papel e fazia linhas ou quadrinhos, sem nenhuma ideia, sem qualquer intenção.
Por
volta de 1952, já no Brasil, conheci um rapaz Franco Terranova, recém-chegado
da Itália, e sem um tostão. Queria vender camisas de porta em porta. Nós,
alguns amigos pintores, convencemo-lo a arrendar um lugarzinho barato, na
Avenida Copacabana. Aí começou a Petite Galerie, e assim começou a entreajuda
de todos os poucos artistas que conhecia e, a pouco-e-pouco, vieram mais e mais
para mostrar algo… Esta Galeria foi a primeira e a melhor Galeria do Brasil.
Mudei
para São Paulo. Um dia andando sem rumo pelas ruas vi uma exposição incrível de
cerâmica. Entrei e conheci o ceramista Robert Tatin, e alguns dias depois lá
estava com as mãos no barro. Fiz, desfiz. Queria fazer esculturas, não queria
fazer pratinhos... Um dia infelizmente ele disse que tinha que ir-se embora. E
eu sozinha, não podia fazer cerâmica, com forno e tudo o mais. Ele viu-me
triste e disse-me: “Olha, vou-te dar um lápis, tinta china, caneta e gouaches
de cores. Leva sempre um caderno contigo e desenha tudo o que vires. Depois de
fazer mil destes, volta para a casa e faz tudo de memória. Nunca vás a uma
escola ou para Belas Artes. Um dia chama uma modelo e ali, vais aprender como
se coloca um volume num espaço... “ E foi com estas palavras que comecei a ver
e a sentir as cores, os objectos e tudo o mais. Foi em 1952.
Mais de devagar. Estou a ficar cansada...
Voltei
ao Rio e tratei de fazer o que disse Tatin. Conheci, então, Wesley Duke Lee
(ainda não pintava). Ficámos amigos durante anos. Já morreu mas é um dos
melhores artistas do Brasil. Eu comecei a pintar, quase às escondidas, como se
fosse uma criança..., mais do que naif... Tenho por aqui algo desses tempos, e
faz-me rir e ter saudades.
Um dia, com ideias bastante românticas, peguei no meu cavalete e fui pintar na rua. Fui a um lugar lindo, o Largo do Boticário. Agora deve ser património nacional, mas naqueles dias estava como abandonado e com moleques que brincaram comigo e acabaram a atirar-me pedras. Nunca mais pintei na rua.
Um dia, com ideias bastante românticas, peguei no meu cavalete e fui pintar na rua. Fui a um lugar lindo, o Largo do Boticário. Agora deve ser património nacional, mas naqueles dias estava como abandonado e com moleques que brincaram comigo e acabaram a atirar-me pedras. Nunca mais pintei na rua.
Por
volta de 1954 conheci um pintor Jean Guillaume, maravilha de pessoa. Pintava
muito comercial só para ganhar dinheiro, imitando na perfeição qualquer pintor!
Pintava para apartamentos de gente rica. Falámos de tudo e eu disse-lhe que pintava...Viu
e gostou. Convidou-me a pintar com ele. Mas claro, eu nunca havia tocado uma
pintura de verdade! Ele ensinou-me as técnicas, até como se faz o cinzento! Eu
pensava que era misturando preto e branco... Eh, não! Ele deixou-me uma vez
sozinha onde estávamos pintando. Queríamos cinzento...! Aonde estavam os tubos
de preto e branco?! Pois não estavam. Só tinha azul-marinho, ocre e branco!
Então aprendi...isto. Foi entre 54 e 55.
Mas
ele não calou a boca disse a muita gente que eu pintava. Entre eles, a Franco,
a Maria Cecilia e sei lá a quantos mais... Quem não gostava disto era meu
pai...
Chegou
o dia de minha primeira exposição na Petite Galerie, se me lembro bem, em 56.
Figurativo um pouco menos naif..., um pouco impressionista, ligeiramente
expressionista... Não sei bem, mas sei que ali vendi o primeiro quadro de minha
vida! E acreditas no que aconteceu? Este senhor que me comprou o quadro era
amigo do meu pai. Um dia foi a nossa casa e viu na parede uma pintura (minha
mãe tinha gostado e tinha levado para a sala), e disse todo contente: “Ah, um
Landau. Vejo que você também comprou um quadro desta pintora!”. Meu pai
ficou furioso, chamou-me e disse-me que tinha que devolver o dinheiro. Mas o
amigo disse que de jeito nenhum ele iria aceitar e muito menos devolver o
quadro!
No dia seguinte, porém, o meu pai voltou atrás e disse-me: “Myra, você pode agora assinar também Landau, não gostaria de saber que algum dia, possam dizer que o teu pai não te entendeu!”. Podem imaginar minha alegria...
No dia seguinte, porém, o meu pai voltou atrás e disse-me: “Myra, você pode agora assinar também Landau, não gostaria de saber que algum dia, possam dizer que o teu pai não te entendeu!”. Podem imaginar minha alegria...
Em
1957, acho, um pintor veio ao Rio da parte de Tatin para ver o que
eu estava pintando. Ficou entusiasmado e escolheu umas pinturas, as primeiras.
Eram sobre papel e destinavam-se a uma exposição na galeria Muller em Buenos
Ayres onde ele vivia. Meu pai olhou feio..., mas como eu não iria estar
presente, tudo bem. Mas foi tudo mal. Nunca recuperei estas pinturinhas. O
pintor dizia que as tinha mandado e o responsável da galeria a mesma coisa.
Nunca chegaram. Uma primeira experiência muito desagradável.
Pela
mesma época fui aprender gravura com o mestre dos mestres de todos os
gravadores do Brasil. Oswaldo Goeldi. Que personagem que artista... Buril,
ponta seca, água forte. Umas técnicas mágicas que um dia me irão levar às
placas de metal. Um dia Oswaldo diz-me: “Vai para casa, trabalha sozinha.
Desenhar tu não sabes, mas vais ser uma óptima gravadora”.
Não soube o que pensar nem o que quis dizer! Só muito mais tarde!...
Não soube o que pensar nem o que quis dizer! Só muito mais tarde!...
Agora também já não sei… A minha cabeça não é um
computador. Calma!
De
1957 a 1959 continuei pintando... Mas que surpresa. Um dia Mário Pedrosa,
conhece, certo? Ah, não sabe quem é? Era (sim, infelizmente era) uma
personagem. Foi o único que saiu para o Chile na época da ditadura. Grande
historiador de arte, critico honestíssimo,
Ele não sabia que eu pintava mas sabia que falava várias línguas. E precisava de mim para receber uma série de artistas, arquitectos e historiadores que vinham convidados pelo governo à inauguração de Brasília. Não imaginei naquele momento que a minha vida iria mudar. Foi incrível conheci muita pessoas, que depois soube que eram importantes, como Bruno Zevi, arquitecto italiano, Jacques Lassaigne editor de livros de arte, Michele Muraro, curador do Museo do UFIZZI, em Florença, Kessler, escultor, Meyer Shapiro, importantíssimo escritor. E ali Mário Pedrosa ficou amigo! Esqueci, uma coisa simpática, dancei com Alexander Caldwell, gordo, bêbado, mas que bem dançava...
Ele não sabia que eu pintava mas sabia que falava várias línguas. E precisava de mim para receber uma série de artistas, arquitectos e historiadores que vinham convidados pelo governo à inauguração de Brasília. Não imaginei naquele momento que a minha vida iria mudar. Foi incrível conheci muita pessoas, que depois soube que eram importantes, como Bruno Zevi, arquitecto italiano, Jacques Lassaigne editor de livros de arte, Michele Muraro, curador do Museo do UFIZZI, em Florença, Kessler, escultor, Meyer Shapiro, importantíssimo escritor. E ali Mário Pedrosa ficou amigo! Esqueci, uma coisa simpática, dancei com Alexander Caldwell, gordo, bêbado, mas que bem dançava...
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Não
havia entendido porque queriam esta entrevista. Acho que já é o momento de
esclarecer algo absurdo. Não era uma entrevista que queriam, mas que
diante das minhas pinturas fizesse um comentário, algo sentimental ou quem sabe
o quê!... Pareceu-me completamente estranho. Não é o artista que tem de
expressar isso. É aquele que vê e apenas se vir ou sentir algo. O artista
acredita… e isso basta. Acho que o que vale é o que fiz. O resto, o tempo dirá.
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Naquela época fiz um quadro grande a óleo. Estava orgulhosa dele até que uma amiga me disse: “Mas o que você fez?! Não pode por estas cores juntas!”. Ela tinha feito Belas Artes… Respondi que ninguém me podia proibir de pintar o que queria. A resposta veio curta: “A audácia dos ignorantes...” Hahahah! Adorei e continuei.
Liberté totale
Quelle merveille
Personne pour te gouverner
Te dire ce que tu dois faire ou ne point faire
Ce qui est permis ou pas permis
Alors je continue
Quelle merveille
Personne pour te gouverner
Te dire ce que tu dois faire ou ne point faire
Ce qui est permis ou pas permis
Alors je continue
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Fim
de 1959. Circunstâncias, sentimentos, novidades… destino?
Fui para o México. Casei com Miguel. A Cidade do México, com aqueles incríveis indígenas com suas roupas de cores. As mulheres com os seus “rebozos”… Senti que já não podia pintar como no Brasil… Fiquei perdida no tempo. Sem saber o que pintar.
Fui para o México. Casei com Miguel. A Cidade do México, com aqueles incríveis indígenas com suas roupas de cores. As mulheres com os seus “rebozos”… Senti que já não podia pintar como no Brasil… Fiquei perdida no tempo. Sem saber o que pintar.
1960
Entrei num atelier de gravura, na Ciudadela, gravei, mas não gostava de imprimir, não queria sujar a placa... Além do mais o torculo era muito pesado para mim. Conheci muitos artistas que iriam ter muita importância na minha vida: Luiz Lopez, Losa, Billy Barclay… Uns bons outros nem tanto... Um ambiente simpático. Conheci Fernando Vilchis e Leticia Tarrago. Fernando, mais tarde, ajudou-me. Era um grande amigo.
Entretanto, comecei a usar metais diferentes. Comprei ácido nítrico, percloruro de ferro, e ali nasceu o ”Objet d’Art en Soi"! Como? Ah se você soubesse… Quase me envenenei. Coloquei uma placa no ácido nítrico puro e saí correndo do quarto. Um cheiro insuportável... Esperei pouco, senão o ácido iria “comer” todo o metal. Entrei… Uma maravilha! Continuei. Estava fascinada com o resultado. E foi assim que tive minha primeira exposição em 1963, na galeria Juan Martin. A apresentação foi feita por Paul Westheim. Se bem me lembro, ali vendi quase tudo! Isto não iria acontecer mais...
Entrei num atelier de gravura, na Ciudadela, gravei, mas não gostava de imprimir, não queria sujar a placa... Além do mais o torculo era muito pesado para mim. Conheci muitos artistas que iriam ter muita importância na minha vida: Luiz Lopez, Losa, Billy Barclay… Uns bons outros nem tanto... Um ambiente simpático. Conheci Fernando Vilchis e Leticia Tarrago. Fernando, mais tarde, ajudou-me. Era um grande amigo.
Entretanto, comecei a usar metais diferentes. Comprei ácido nítrico, percloruro de ferro, e ali nasceu o ”Objet d’Art en Soi"! Como? Ah se você soubesse… Quase me envenenei. Coloquei uma placa no ácido nítrico puro e saí correndo do quarto. Um cheiro insuportável... Esperei pouco, senão o ácido iria “comer” todo o metal. Entrei… Uma maravilha! Continuei. Estava fascinada com o resultado. E foi assim que tive minha primeira exposição em 1963, na galeria Juan Martin. A apresentação foi feita por Paul Westheim. Se bem me lembro, ali vendi quase tudo! Isto não iria acontecer mais...
Você
acha que o talento é considerado somente quando se vende muito? Que disparate…
Não, não vou discutir isto com você, desperdício de tempo... Hoje em dia o tal
“marketing” é mais importante e eu nada
entendo e nunca entendi disso! E, mesmo
assim, continuava e continuo pintando.
Naqueles dias o que era importante para as pessoas era esperar a opinião dos críticos, para ver se compravam algo ou não! Vendo bem, era igualmente extraordinário!
Naqueles dias o que era importante para as pessoas era esperar a opinião dos críticos, para ver se compravam algo ou não! Vendo bem, era igualmente extraordinário!
Com
as minhas placas, comecei a entender e ver o abstracto. Nova época, papéis
grandes, frottis com dedos e tinta
china, pintura a óleo sobre tela… até chegar a minha segunda exposição, na
Galeria Opic, em 1964.
Mas
não estava convencida. Pintei ainda mais abstracto, ainda mais misterioso e
gostei. Coloquei os quadros na sala para que Miguel os visse no dia seguinte.
Grande erro!... Fui à sala e vi Miguel todo esquisito. Antes de lhe perguntar se tinha gostado, ele pediu-me calma, calma por favor... E o que vi foi traumático. Uma agressão contra mim própria. Todas as telas cortadas como se fossem de Fontana! O meu enteado, Micky, um rapaz de 16 anos. Quase enlouqueci, voltar para o Rio? Mandar Micky para outro país? Impossível era a adoração do pai. Solução: mar, praia, solidão...
Grande erro!... Fui à sala e vi Miguel todo esquisito. Antes de lhe perguntar se tinha gostado, ele pediu-me calma, calma por favor... E o que vi foi traumático. Uma agressão contra mim própria. Todas as telas cortadas como se fossem de Fontana! O meu enteado, Micky, um rapaz de 16 anos. Quase enlouqueci, voltar para o Rio? Mandar Micky para outro país? Impossível era a adoração do pai. Solução: mar, praia, solidão...
Fui para
Tecolutla. Pequena aldeia quase na praia.
Não sei o que me deu, mas andando a beira da água senti-me como em transe. Vi linhas e mais linhas em todas direções. Formavam quadrados, linhas perpendiculares, nunca eram paralelas. Agora acho engraçado... e até tenho que agradecer ao rapaz que me fez entrar no que iria ser minha linguagem! Fui ao “pueblito”, comprei um caderno e fiz linhas e mais linhas. Voltei ao México queria pintar sobre uma tela cor de areia. Não tínhamos dinheiro para comprar a tela grande que eu precisava. Mas vi dois quadros pintados de acrílico vermelho. Fiz uma costura entre ambos e fiz linhas com uns pasteis que tinha dado à minha filha.
Não sei o que me deu, mas andando a beira da água senti-me como em transe. Vi linhas e mais linhas em todas direções. Formavam quadrados, linhas perpendiculares, nunca eram paralelas. Agora acho engraçado... e até tenho que agradecer ao rapaz que me fez entrar no que iria ser minha linguagem! Fui ao “pueblito”, comprei um caderno e fiz linhas e mais linhas. Voltei ao México queria pintar sobre uma tela cor de areia. Não tínhamos dinheiro para comprar a tela grande que eu precisava. Mas vi dois quadros pintados de acrílico vermelho. Fiz uma costura entre ambos e fiz linhas com uns pasteis que tinha dado à minha filha.
Nasceu
o quadro chave! Chamei-o de “Ritmo Partido”.
...Miguel disse: “Agora sim gostei. Continua.” Continuei, sim mas sem ele.
Parece que tinha pressentido a morte dele pouco tempo depois... “Ritmo 1- Partida”...
...Miguel disse: “Agora sim gostei. Continua.” Continuei, sim mas sem ele.
Parece que tinha pressentido a morte dele pouco tempo depois... “Ritmo 1- Partida”...
1965 –
1966
Deixa
ver… Acho que lá por 65 fiz uma pequena exposição das placas que tinham
sobrado, em Dallas. Não tenho certeza, acho que foi onde mataram ao
Kennedy por aí… Não tenho vontade de procurar as minhas coisas. Estão numa
confusão! Só sei que gostei porque me roubaram uma placa. Pagaram-me o prejuízo
e aplaudo a pessoa que roubou: tinha bom gosto!
1967
Amizades com pintores, amizades que continuam até hoje. Manuel Felguerez, Lilia Carrillo, Ricardo Rocha, Adrian Mendieta, Nacho Lopez, Jorge Olvera… Não vou citar todos são muitos! Muita gente que logo me aceitaram, já não como a mulher de Miguel (que foi muito importante na história da arte no México), mas como pintora. E tem mais, quando em 65 fiz o quadro vermelho e mais telas com linhas, vieram a minha casa Pedro Coronel, Raul Herrera e todos me disseram: “Aonde vai com estas linhas!” O único que entendeu e gostou foi Felguerez.
Amizades com pintores, amizades que continuam até hoje. Manuel Felguerez, Lilia Carrillo, Ricardo Rocha, Adrian Mendieta, Nacho Lopez, Jorge Olvera… Não vou citar todos são muitos! Muita gente que logo me aceitaram, já não como a mulher de Miguel (que foi muito importante na história da arte no México), mas como pintora. E tem mais, quando em 65 fiz o quadro vermelho e mais telas com linhas, vieram a minha casa Pedro Coronel, Raul Herrera e todos me disseram: “Aonde vai com estas linhas!” O único que entendeu e gostou foi Felguerez.
Salão
Independente 1968
Movimento artístico importantíssimo. Apoio aos movimentos estudantis contra o governo de Diaz Ordaz. Olimpíadas e mortes. Não sei se você sabe da matança da Praça das Três Culturas. Não, não sabe? Vou-te emprestar um livro que vai deixar você cheia de arrepios. É algo que tem de se saber. Vi homens chorar, soube de muitas mulheres grávidas atravessadas por baionetas de soldados enlouquecidos, soldados, quem sabe, drogados... Soube de terríveis coisas feitas aos estudantes presos! Impossível esquecer... Ao mesmo tempo Diaz Ordaz promoveu uma exposição, convidou todos os artistas a participar na Exposição Solar (será exactamente este o nome? Já não sei). Então nós, “os bons”, política e artisticamente, formámos este Salon de Los Independientes. Uma verdadeira revolução! Formidável, fantástico, uma coisa com repercussão nacional e mundial. Anos depois se viu o quanto éramos realmente os melhores. Durou três anos!
Movimento artístico importantíssimo. Apoio aos movimentos estudantis contra o governo de Diaz Ordaz. Olimpíadas e mortes. Não sei se você sabe da matança da Praça das Três Culturas. Não, não sabe? Vou-te emprestar um livro que vai deixar você cheia de arrepios. É algo que tem de se saber. Vi homens chorar, soube de muitas mulheres grávidas atravessadas por baionetas de soldados enlouquecidos, soldados, quem sabe, drogados... Soube de terríveis coisas feitas aos estudantes presos! Impossível esquecer... Ao mesmo tempo Diaz Ordaz promoveu uma exposição, convidou todos os artistas a participar na Exposição Solar (será exactamente este o nome? Já não sei). Então nós, “os bons”, política e artisticamente, formámos este Salon de Los Independientes. Uma verdadeira revolução! Formidável, fantástico, uma coisa com repercussão nacional e mundial. Anos depois se viu o quanto éramos realmente os melhores. Durou três anos!
1970 -
Pintura Mexicana, Casa de las Americas, L'Avana, Cuba.
E
sabe que só devolveram um quadro à maior parte dos que participámos? Cada um
tinha mandado dois! Anos mais tarde, muito mais tarde também em Cuba ficaram
com uns 20 desenhos meus, acho que dos melhores. Nunca ninguém soube como,
aonde, quem...
1971 -
Centro di Arte Moderna, Guadalajara.
Todos
nós, do Salon Independiente, fomos convidados a pintar um mural, ou
melhor dito um quadro grande, seria um acontecimento efémero! Tenho vertigem a
um metro do chão e ali era muuuuuuuuuuito mais alto. Eu somente pude pintar com
um companheiro perto de mim.
1972
Por
razões tristes, fui ao Brasil e fiquei um ano... Meu pai necessitava de mim,
minha mãe tinha falecido...
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Mère?Père?
Etes-vous encore là
Sous cette terre
Meurtrie par toutes ces guerres
Etes-vous encore là
Sous cette terre
Meurtrie par toutes ces guerres
Attendez
J’arrive
Vais vous sauver vous caresser de mots vous murmurer
-Murmure-t-on aux morts?-
Ou crier pour qu’ils vous entendent…
M’entendez-vous?
Vous avez pris racines
Vos racines s’étendent
Vous avez su nous sauver
Nous nos semEnces et racines
J’arrive
Vais vous sauver vous caresser de mots vous murmurer
-Murmure-t-on aux morts?-
Ou crier pour qu’ils vous entendent…
M’entendez-vous?
Vous avez pris racines
Vos racines s’étendent
Vous avez su nous sauver
Nous nos semEnces et racines
Vous avez déjà pleins d’arrière petits enfants
La terre qui vous couvre
Vous l’avez rendue fertile
Vous l’avez rendue fertile
Merci.
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Mas
continuei pintando e combinei com Franco Terranova uma grande exposição para
73. Chegou 1973, ano fatal para Chile. Para o grande homem Salvador Allende.
Soube que o tinham "suicidado ". Lágrimas de raiva de tristeza por
este homem que tive a honra de conhecer na casa de uns amigos, conversando em
frente de um cafezinho... Agora resta recordar.
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déchirants cris
Sauvages
Nous atteignent
Nous heurtent telle une hémorragie
Sauvages
Nous atteignent
Nous heurtent telle une hémorragie
Portes fermées
Aux seules vraies fois
Liberté paix justice
Aux seules vraies fois
Liberté paix justice
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Nemesio
Antunes e Mário Pedrosa deram um grito e uma chamada aos artistas do mundo
inteiro para formar o Museu Salvador Allende! Foi incrível... Tantos, tantos e
tantos de tantos países. Eu mandei um quadro representando o Brasil e outro,
enorme, representando o México. Infelizmente depois do assassinato de Salvador,
e com a vinda do desgraçado Pinochet, guardaram todas as obras durante uns 10
anos..., numa adega. Muitos quadros sofreram desta “prisão”... Um deles foi o
meu, mas graças a um amigo que foi lá, descobriu-o e mandou-o restaurar. Agora
está lá exposto.
1973
- A minha exposição na Petite Galerie foi um sucesso!
Voltei ao México muito contente.
Voltei ao México muito contente.
1974
- Fernando Vilchis convidou-me para dar aulas de pintura na Faculdade de Artes
Plasticas, Xalapa, Veracruz. Dúvidas... Não acredito em ensinar a pintura...
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L’air est plein de paroles
Lancées au vent
Que faire?
Lancées au vent
Que faire?
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Fui
visitar Fernando Gamboa, director do Museo de Arte Moderna no DF, para lhe
pedir uma exposição antes de ir a Xalapa. Amigos e amigas disseram-me para não
ir. Que ele tinha a sua "mafia" de artistas... Mas fui! Convidou-me
para almoçar, obviamente, eu disse que não. Convidou-me, então, para jantar.
Não: “Senhor Gamboa, eu só quero uma exposição! Não almoço nem janto... Eu pinto!”
Riu e disse que o chamasse antes de ir para Xalapa. Fiz, e tive@!!!
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surprise mais pleine de joie
Un peu abasourdie…
émotion sensation
malgrè tout
Contente
Un peu abasourdie…
émotion sensation
malgrè tout
Contente
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Antes
de partir para Xalapa, ainda pude fazer uma exposição na Casa del Lago, UNAM. Conheci
Oscar Urrutia, uma pessoa formidável!
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capturar amizades
maravilhoso troféu
encher com ele
minha vida
maravilhoso troféu
encher com ele
minha vida
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1975 - A exposição no museu de Arte Moderna Mexi df. Amigos,
amigas, e ah :) grande publico!
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Appelles-les comme tu voudras
Etincelles
Ou feux de joie
silencieux
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. ..e
desde então meu pai chamou-me "extravagante " e deixou de lado os
seus preconceitos e suas ideias sobre mim..
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Mas
eu seguia as minhas ideias. Continuei pintando. Exposições por quase todo o
México, por outros países, por outras cidades. Galerias, não quis mais. Todos
uns ladrões. Somente Casas de Cultura, Museus ou Universidades. E assim de
repente:
Mais pourquoi
Toujours
remplie d’un sourd présage -
Sorte de clandestinité aucune stabilité temps précaire
Betises qu’elle se dit…
Toujours
remplie d’un sourd présage -
Sorte de clandestinité aucune stabilité temps précaire
Betises qu’elle se dit…
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Ahhhhhh… Deslumbra-me a tristeza. Encontro-me de repente com a realidade. O meu “sourd presage”. Chegamos a 87. A minha família iria embora depois da minha retrospectiva no Museu de Arte Moderna, no México DF.
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Ahhhhhh… Deslumbra-me a tristeza. Encontro-me de repente com a realidade. O meu “sourd presage”. Chegamos a 87. A minha família iria embora depois da minha retrospectiva no Museu de Arte Moderna, no México DF.
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a vida
gelou
uma lágrima
se derreteu
docemente
e em silêncio
escorregou
se escondeu
no coração
2 commenti:
Querida Myra
Dividi a leitura deste teu confessionário em duas partes.
Agora, fiquei nem : " na Galeria Opic, em 1964.
Estou a delirar de prazer e tão orgulhoso e feliz por ter vários originais teus !
Um beijo e até mais logo.
Tenho andado um pouco cansada da blogosfera, que me rouba muito tempo, e ainda não tinha lido este texto. Li-o agora e gostei muito. Uma vida rica e cheia, como o são sempre as vidas dos grandes artistas. Há uma coisa importante, que marca sempre o percurso de quem consegue criar e ter um estilo próprio: as pessoas que encontra ao longo do caminho e que marcam duma forma positiva ou negativa.
Compro muitos materiais para desenhar e pintar, mas depois acabam por secar, porque não os utilizo, por falta de tempo e de incentivo para pura e simplesmente experimentar. Esse era um caminho que gostaria de ter seguido, mas a vida levou-me para outro lado.
Para completar esta entrevista, pergunto-lhe uma coisa: que conselho daria a quem começa, hoje, um caminho nas artes plásticas. Hoje, que tudo é tão diferente!
Um beijinho e um bom sábado:)
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