lunedì 17 aprile 2017


Mais de devagar. Estou a ficar cansada...
Voltei ao Rio e tratei de fazer o que disse Tatin. Conheci, então, Wesley Duke Lee (ainda não
pintava). Ficámos amigos durante anos. Já morreu mas é um dos melhores artistas do Brasil.
Eu comecei a pintar, quase às escondidas, como se fosse uma criança..., mais do que naif...
Tenho por aqui algo desses tempos, e faz-me rir e ter saudades.
Um dia, com ideias bastante românticas, peguei no meu cavalete e fui pintar na rua. Fui a
um lugar lindo, o Largo do Boticário. Agora deve ser património nacional, mas naqueles dias
estava como abandonado e com moleques que brincaram comigo e acabaram a atirar-me
pedras. Nunca mais pintei na rua.
Por volta de 1954 conheci um pintor Jean Guillaume, maravilha de pessoa. Pintava muito
comercial só para ganhar dinheiro, imitando na perfeição qualquer pintor! Pintava para
apartamentos de gente rica. Falámos de tudo e eu disse-lhe que pintava...Viu e gostou.
Convidou-me a pintar com ele. Mas claro, eu nunca havia tocado uma pintura de verdade!
Ele ensinou-me as técnicas, até como se faz o cinzento! Eu pensava que era misturando
preto e branco... Eh, não! Ele deixou-me uma vez sozinha onde estávamos pintando.
Queríamos cinzento...! Aonde estavam os tubos de preto e branco?! Pois não estavam. Só
tinha azul-marinho, ocre e branco! Então aprendi...isto. Foi entre 54 e 55.
Mas ele não calou a boca disse a muita gente que eu pintava. Entre eles, a Franco, a Maria
Cecilia e sei lá a quantos mais... Quem não gostava disto era meu pai...
Chegou o dia de minha primeira exposição na Petite Galerie, se me lembro bem, em 56.
Figurativo um pouco menos naif..., um pouco impressionista, ligeiramente expressionista...
Não sei bem, mas sei que ali vendi o primeiro quadro de minha vida! E acreditas no que
aconteceu? Este senhor que me comprou o quadro era amigo do meu pai. Um dia foi a nossa
casa e viu na parede uma pintura (minha mãe tinha gostado e tinha levado para a sala), e
disse todo contente: “Ah, um Landau. Vejo que você também comprou um quadro desta
pintora!”. Meu pai ficou furioso, chamou-me e disse-me que tinha que devolver o dinheiro.
Mas o amigo disse que de jeito nenhum ele iria aceitar e muito menos devolver o quadro!
No dia seguinte, porém, o meu pai voltou atrás e disse-me: “Myra, você pode agora assinar
também Landau, não gostaria de saber que algum dia, possam dizer que o teu pai não te
entendeu!”. Podem imaginar minha alegria...











fotos: M.L.-  Wesley Duke Lee - Franco Terranova e filha Paola

5 commenti:

João Menéres ha detto...

Que maravilhosa história da tua vida, Myra, esta !
E o teu pai teve uma atitude muito nobre e deu-te ainda mais confiança.

Um grande beijo.

myra ha detto...

sim, Joao, meu pai era meu grandissssimo amigo!!!! bjos

Li Ferreira Nhan ha detto...

Adorando ler tudo aqui.
Beijos

myra ha detto...

fico feliz com as tuas palavras, querida LI!!! continua ...acho bastante,,,
muitos beijos e beijinhos:)

Branca ha detto...

Myra,

A tua vida é um somar de experiências maravilhosas.
É tão bom ler-te e é uma forma de transmitir confiança aos mais novos.
Beijo grande.