martedì 4 aprile 2017

Muitas saudades de meu irmao....


Todo dia, a melancolia
Havia, no princípio, um verbo. Que fosse amar, talvez, pois para isso
existimos. O certo é que era uma palavra. Que guardasse em si, talvez, toda a
memória do mundo, pois é disso que existimos. Iosif Landau, com muita
coragem, voltou ao seu começo, para escrever este livro, em que a
personagem principal não é inventada, nem qualquer semelhança com a vida
real é mera coincidência: é ele, Iosif Landau, um homem em estado de
absoluto tumulto. Vasculhando cada pedaço de sua alma, por meio de
lembranças, ele fez uma espécie de acerto de contas consigo mesmo, passou a
limpo o passado, assumiu suas alegrias, prazeres, culpas, perdas, danos e
enganos. Coisa que não é para qualquer um.
Eu me pego pensando agora, que estou escrevendo o prefácio de uma vida.
Um privilégio que é de poucos também. Mas não quero estender-me além da
parte que me cabe. Amo o amigo, respeito o escritor e admiro a sua obra,
constantemente me assustando: Iosif Landau não é de esconder mensagens nas
entrelinhas. Suas palavras, tal como suas feridas e cicatrizes, são sempre
explícitas.
Com sua caligrafia inconfundível — ele escreve compulsivamente — tem
hora que Iosif Landau vai atropelando as palavras, desprezando indefinidos
artigos e pronomes, como se estivesse atrás da palavra essencial. Em outro
momento são as palavras que o atropelam, como se somente elas não
bastassem. Repare, gentil leitor, este livro é cheio de cheiros, cores, imagens e
sons. É uma história de amor. Com todas as suas contradições.
Iosif Landau aprendeu que é o público quem decide a sorte da arte e do autor.
Mas escreve conforme recomendou Voltaire: "O verdadeiro pecado é escrever
para o público". É possível que ele nem se dê conta disso. Página por página,
o escritor e poeta reflete, com intensa melancolia, sobre questões que o
atormentam e para as quais ele não encontra explicação. Judeu, nascido na
Romênia, viu-se livre dos campos de concentração, vindo morar no Brasil, que
ele considera o seu céu. E passou a viver o inferno de sua vida em reviravolta,
tendo que conviver com a maldade que há no mundo. Outras tantas vezes foi
salvo. Pela vida, pelo amor, pelos amigos, mas a maldade permaneceu no
mundo. Por que estou vivo e sofro? Esta é a grande indagação de Iosif
Landau, o pivô de sua melancolia. Afora a saudade do que ele não viveu. A
nostalgia do que virá. Sua maior constatação, melancólica também, é a de que
existem respostas que não têm perguntas. Amanhã o sol vai nascer de novo.
Ele sabe.
Memória Tumultuada foi escrito em caráter de urgência. Por isso, recomendo
a sua leitura de modo bem devagar. Iosif Landau o escreveu com tamanha
energia, que foi difícil contê-lo no ponto final. Mas será que este livro tem
ponto final?
Silvana Guimarães
Belo Horizonte, 11 de maio de 2002.

5 commenti:

João Menéres ha detto...

MYR, tiveste a gentileza de me enviar há 2 ou três anos o pdf deste livro que imprimi e guardo como preciosidade que é.
Um sempre muito obrigado.

Um beijo nesta bela manhã.

myra ha detto...

minha memoria anda mal...:) beijos meu querido Joao!

Branca ha detto...

Gostei imenso deste texto Myra. Também a mim me enviaste em tempos o livro do teu irmao em PDF. Adoro a escrita dele, livre, intimista, inteligente.
Obrigada por poder rever estas linhas e a sua fotografia, sempre admirei o teu amor por ele, o vosso amor de irmãos e a vossa diáspora. Gosto muito desta fotografia onde tem um ar feliz e um olhar generoso. Beijinhos, muitos, com carinho.

myra ha detto...

Branca , realmente minha memoria esta ruim!!!!! enfim, obrigada por ter vindo ver ....bjos

Branca ha detto...

O tempo passa e quando damos por isso vemos que já somos amigas há muitos anos, muitas coisas lindas me confiaste e uma das mais adoráveis recordações que tenho foi um dia ter recebido o teu livro por correio e lê-lo foi encontrar um espírito único e maravilhoso, uma forma de ensinar criativa e inteligente, sem padrões ne, amarras.

Beijos.