domenica 23 luglio 2017

outra vez tantas saudades de meu irmao....entao aqui ele escreve:



Chegara ao Brasil com dezesseis anos em dezembro, meu aniversário dos dezessete foi em abril de 1941. Bem vividos sob alguns aspectos, testemunharam parte da história pouco nobre da primeira metade do século XX. Eu era um inocente, um crédulo, um tímido, não imaginava a maldade, a safadeza, a crueldade da alma humana. Eu era bom, gentil, alegre, educado, nunca mentira em toda a minha ainda curta vida. Era um sonhador, via a beleza sempre ao redor, amava os amigos, amava a vida, não sabia o que era raiva, ódio, medo, temor. Era pródigo, o dinheiro no meu bolso era de todos, minha casa era a casa dos amigos, eu era assim. Fui feliz e eu sabia que era feliz. Por vezes meu "estopim curto", que não considero um grande defeito, trazia-me encrenca. Gostava de esporte, de divertimento, minha sexualidade era muito ativa, as mulheres fascinaram-me sempre. Sem ser um belo astro do cinema, não precisei me empenhar muito nas conquistas, a todas eu tratava
com reverência, prostitutas e donzelas. Casei-me com a mais bela. A rendição ao verdadeiro panorama, o despontar da realidade, da visão do feio, do ruim, o que muitos consideram ser maturidade, chegou-me muito tarde, aos poucos, sorrateiro, os ovos da serpente instalando-se em silêncio. O choque foi violento, vivi o resto da minha vida como num ringue de luta, distribuindo pancada, levando muita, caindo, levantando-me, às vezes derrubando o
oponente. Ganhei alguns rounds, perdi muitos, machuquei-me em demasia, fui abençoado com cara de poucos amigos, mas não conheci o medo, enfrentei com a coragem do desespero tudo o que vinha pela frente, aprendi a ser líder, aprendi a engolir sapos, tive também recompensas, conheci como poucos meu Brasil amado, sua natureza pungente, rios mares, a Amazônia cobiçada, apaixonei-me pelo povo agreste, ajoelhei-me humilde diante da sua coragem.
Pergunto-me incessantemente, mesmo nesse instante: perdi ou ganhei? Valeu a pena? Creio que as respostas agora nada s ignificam. Se o sucesso dos meus filhos é o meu grande troféu, valeu. Se o meu desapontamento com meu fim
de vida é o resultado, vale um zero. Não sei definir ética, comportamento ético, o que significa? Fico me perguntando: o que valia na Grécia antiga, vale hoje? Onde está a recompensa? A sociedade num todo se comporta de modo duvidoso, por que então do indivíduo é cobrado o contrário? Desvio-me do caminho, mas memória também é desabafo.





eram tao felizes...o amor da vida dele :Lia!

2 commenti:

chica ha detto...

Essas saudades não acabam nunca,não? bjs,chica

myra ha detto...

assim e, querida Chica, eramos almas gemeas....a ausencia dele e terrivel...
beijossss