sabato 12 giugno 2010

do Blog de meu irmao....Poema sem Fim...


..e me afastei das paredes demolidas
e saí em desabalada corrida
fugindo do meu passado corroído
por imensas tristezas e longas caminhadas
por vales nevoados, caveiras com bigodes,
de olhos azuis, com cabelos negros e
e doces sorrisos,,
morri num sonho e acordei morto?
delicada lagartixa pousada no meu ombro
pulsa e com pequenos olhos vermelhos
procura os insetos que roeram minha sanidade,
meu rosto uma vidraça opaca,
ouve musica fúnebre, vê decadente figura
dançar arrasta pé num tumulo sem nome,
o dia vira noite e não volta a ser dia,
e eu com vitimas e assassinos
colhidos em valas, nos dormitórios,
escritórios e oratórios flutuamos em camadas
sobre a cidade quente e abandonada,
mas esse é um outro sonho,
ouço uma porta abrir e fechar com estrondo,
um carro se aproxima com faróis altos,
eu estou no volante com as duas mão seguras
e presas nele, murmurando uma melodia
que ninguém jamais ouviu,
e talvez a mulher enquadrada no vão da porta
seja a que vai verter lágrimas ao me ver morto,
meus ouvidos atentos ouvem a cidade rosnar,
minha mente demente vê um metrossexual
beijar o porteiro na boca,
alguém tropeça, outro xinga, alguém mija na calçada,
preciso reencontrar meu lixo,
estancar o esgoto saindo pela narinas,
me vejo de bermudas, camiseta e chinelos,
entro no táxi, o motorista fala, me aborrece,
uma sirene uiva, uiva e uiva, se repete, não cessa,
a mulher se abaixa acaricia a cabeça da criança,
– é escultura minha infância –,falo alto,
– sou outro agora,
não acontecerá de novo –,
o motorista se cala, e eu repito:
– sou outro, sou outro...–
o ar refrigerado do carro me arrepia,
acreditar nos homens é como acreditar numa serpente,
acreditar nas mulheres é ser mordido pela serpente,
“hoje, meu amor,
folhas dançam no vento,
pedestres se esgueiram pelas paredes
dessa cidade sem graça,
e eu uma alma descarilhada nos trilhos do trem vida
não consigo ver seu rosto, sua boca, seus olhos,
deixe sua pureza invadir – me todo,
e permaneça ali pra recolher os cacos,
te amei e você me quebrou por dentro”,
-– doutor, bonita letra, é do Lupicínio? –,
– não é, é do meu vizinho! –,
a vi pela janela,
– pára!–, gritei e saí correndo,
me ajoelhei na calçada a sua frente:
– também sinto sua falta,
tudo mudou, não tem ninguém no inferno,
ás vezes beijo estranhos,
as vezes ninguém mais fala,
hoje faz um calor danado,
estou suando, você não está?
vamos dançar algum dia como antigamente,
está tudo certo comigo agora,
ta tudo arrumado,
um tapete persa na sala,
poltrona e sofá do Joaquim Tenreiro,
ar condicionado, TV de plasma,
quadros de Picasso,
cama onde Madame Pompadour se deitou,
flores naturais te aguardam,
venha que te juro fidelidade
e amor sem idade–,
me deu uma bofetada,
voltei pro táxi,
– pra onde doutor? –,
– pro cemitério do Caju –

17 commenti:

TORO SALVAJE ha detto...

Hola Myra.
Me sabe muy mal no comentar algunos posts tuyos pero es que el idioma me resulta a veces una barrera infranqueable.
No pienses que no me interesan.
Que tengas un buen fin de semana.

Besos.

João Menéres ha detto...

>vamos dançar algum dia como antigamente<

É um sonho que nos percorre por dentro, da cabeça aos pés, mesmo que estes já se possam recusar a corresponder ao que a mente mais deseja.

Um beijo muito grande, MYRA.

Tempus fugit ha detto...

Hasta mal traducido por google, se hace entender la voz sabia y bella de quien compartió contigo sangre y arte...

millones de besos, amiga del alma.

Wania ha detto...

Myra

"Te amei e você me quebrou por dentro"

Infelizmente existem amores assim, nunca mais se é o mesmo!
Liiindo o Poema sem fim do seu irmão!



Bj grande e bom final de semana pra ti, minha querida!

Jorge Pinheiro ha detto...

Fortíssimo,belo, angustiante... A vida é tudo isso e muito mais.

jugioli ha detto...

O mundo dado pelos sentidos, simulacro do mundo real, que aqui se interceptam. Lindo poema

bondearte ha detto...

Bom dia querida myra,
"A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida"
Vinicios de Moraes
Beijos
PS- Belissimo texto, cheio de movimento e situações inusitadas.

myra ha detto...

gracias, obrigada, a todos, pela suas palavras!!!
um beijo a cada uma e um, de vces!

Juliana Rossa ha detto...

Myra, seu irmão, como sempre, é intenso e profundo.
Adoro os textos dele e os seus também!
Beijos!!!

João Menéres ha detto...

Voltando...


> estou suando, você não está ?<

É a terceira vez que leio este POEMA SEM FIM.
Tão complexo, tão fechado, mas com um términus com um humor negro que me faz sorrir.

Um beijo mais, MYRA.

Vivian ha detto...

...ciao bela!

"Te amei e você me quebrou
por dentro"


por que tantas vezes nos permitimos
quebrar por amor?

seria isso amor?

um beijo, minha linda!

Branca ha detto...

Querida Myra.

Adorei ler o poema de Iosif, denso, profundo, na confusão de uma vida tão variada e tão sofrida por caminhos de fugas e guerras que ainda hoje o mundo não conseguiu compreender, penso que não estou enganada.
Penso que ele era mais velho, possívelmente foi para todos difícil, para ele talvez especialmente difícil. Sinto como o sentes aqui tão próximo de ti, como o trazes até ti, enganando uma ausência tão recente.
E tenho um comovente respeito por todas as famílias que tiveram que abandonar a sua terra na fase mais negra da História da Europa.
Sinto nestes versos de teu irmão essa amargura.
Era um homem muito sensível e muito lúcido, como tu.
Beijinhos para ti.
Gosto muito de vós.

Allan Robert P. J. ha detto...

Triste, divertido (contraditório, não?) e profundo. Gostei.

Luísa ha detto...

Myra,
como deve imaginar, bebi cada palavra como quem necessita de uma explicação para matar a sede!
Que belíssima dissertação. Hoje apreciei especialmente!A Myra sabe porquê...
Mil milhões de beijinhos.

:.tossan® ha detto...

Stato d'animo molto profondo e bello come mi piacerebbe scrivere. Bacio

Fred Matos ha detto...

Saudades do Iosif, sempre.
Beijos, Myra.

Gi ha detto...

Myra que texto rico! Me perdi imaginando todas as cenas e me encontrei em muitas delas.
Foi uma delícia de ler!