mercoledì 2 giugno 2010

escrito tempos atràs...

un dia...

Um dia assim de repente compreendeu a loucura.Vem assim, pouco a pouco, e de repente. Algo na garganta que não pode controlar. Um grito.

Quando percebeu já era tarde. Sentia-se mal. E, ao mesmo tempo, melhor. Ninguém escutou. Seus pais estão surdos. Como sempre. Que aconteceu?
Exatamente nada de novo. Nada especial. Acumulo de emoções saturadas. Ninguém com quem se abrir. Vìu de repente esta casa, que nunca foi casa mas sim paredes e tetos abrigando gente que nada tinha que ver um com o outro, abrigando móveis, fotos. Ali, assim, para sempre, intocáveis, sem carinho. E assim ontem sentiu-os gritar, rir. Uma risada vingativa, uma risada de tortura. Foram chegando, chegando, se sentiu afogar. Uns móveis com mais vida que este homem e esta mulher que vivem (vivem? ) esperando a morte. Vivendo ( vivendo ?) esperando a vida.. Não era culpa deles, tinham deixado seu pais, a mãe, os amigos, a casa, o trabalho, enfim todas suas coisas, quando tiveram que sair correndo por causa da guerra, – isto ela entendeu mais tarde. Tarde demais. Naquele momento sentia somente esta enorme ausência de tudo, de atenção, de comunicação, de uns beijos de verdade ou de uma mão nos cabelos, de uma carícia, de tudo, enfim.
Segue:
Umas paredes cheias de ecos dos gritos, de dicussões sem fim, irremediáveis que encheram esta coisa – não casa – e sua adolescência. A fizeram fugir toda sua vida.
E se levantou correndo, atravessando este corredor comprido, comprido, escuro e todos a perseguiam.






Correu depois do grito, para o seu quarto com o coração pulando de terror.


Viu então a verdadeira solidão. Não a solidão sozinha. Gostosa. Não. Uma solidāo povoada de pesadelos, junto a pessoas com quem nada se tem a ver – que nunca se teve nada que ver. Seus pais. Era apenas uma imagem criada pela sua ansiedade, necessidade de amor, de ternura, de compreensão. Esta imagem formidável era somente uma imagem. E como tal caiu. E ficou a realidade. Cruel verdade. Uma vida de desamor. Um ambiente de quase terror. Uma atmosfera de hipocrisia. Uma tremenda comédia de mau gosto. Uma novela de televisão. De tudo isto tratou de fugir desde que tinha idade de razão. Até que conseguiu.


De erros em erros, escapando,
fugindo, sempre caindo em outras comédias e angustias.






Longe, encontrou amor, ternura, comunicaçāo.

Até aquele dia quando voltou àquela coisa-casa


un dia...
– e gritou. Um grito diferente. Tinha que fazê-lo antes de ser demasiado tarde para todos. Foi um grito, nāo de loucura como aquele daquele dia. Uma explosão, fez chorar, chorou. Foi outro grito intenso que a libertou para sempre. Gritou sua verdade.
Conseguiu quebrar o feitiço da tremenda incomunicaçāo.





…et devant mon regard ému, j’ai compris la peur, la faiblesse et la vulnérabilité des ĕtres humains. Tous.

10 commenti:

chica ha detto...

PuxA,MYRA!lINDO,FORTE, EMOCIONANTE E BEM PROFUNDO!um beijo e um lindo dia pra ti, esperando que tenha sol e calorzinho!chica

Marcos Mantovani ha detto...

Myra,

palavras muito sinceras e profundas.

Um abraço! Marcos

TORO SALVAJE ha detto...

Somos extremadamente vulnerables.
Ni lo podemos imaginar.
Sólo cuando lo vives en carne propia te das cuenta de lo frágiles que somos.

Besos.

ma grande folle de soeur ha detto...

Beau ce texte :)

Vivian ha detto...

...e não vivemos todos em meio
a esta loucura, aquela que nos
mantém como reféns de tantas
emoções?

bem sabemos quão estranhos somos
mesmo em meio a laços de sangue.

belo texto...

linda você!

beijinhos desde um Braisl com frio!

Paula Barros ha detto...

Myra, o texto consegue passar a angústia da solidão. As imagens ficaram muito bem escolhidas.

A libertação do grito preso na alma.

abraço

:.tossan® ha detto...

Solidão eu sei o que é isso, senti na carne e na alma. Hoje nem tanto porque alguém me socorre. Lindo texto escrito com a alma. Myra. Beijo

bondearte ha detto...

Ciao Myra cara amica mia,
Que belissimo testo acompanhado de
belissimas imagens.
Quando estamos acompanhados de mobiliário e seres humanos e o destaque é o mobiliário,
melhor mesmo é gritar, um grito de liberdade, um grito que sai d'alma
para constatar se não estamos sós
no planeta.
Bacione bella,
Paulo

Luísa ha detto...

Hoje a lição é a arte de compreender!
Compreender quem quer falar e não se ouve!
Compreender quem gritou porque jamais foi ouvida!
Compreender a olhar e ver quem connosco se cruza, no sentido de podermos ouvir cada gesto, cada sinal de si!

Hoje o post fala-nos à alma!
Obrigada, AdMYRAvel Senhora!

Branca ha detto...

Maravilhoso este texto Myra, que retrata a vida de tanta gente e pode ajudar tanta gente.
Tu sabes tanto da vida, tanto...

Deixo-te um beijinho de muita ternura,

Branca