sabato 17 gennaio 2015

Entrevista ? 5a parte

Com as minhas placas, comecei a entender e ver o abstracto. Nova época, papéis grandes,
frottis com dedos e tinta china, pintura a óleo sobre tela… até chegar a minha segunda
exposição, na Galeria Opic, em 1964.
Mas não estava convencida. Pintei ainda mais abstracto, ainda mais misterioso e gostei.
Coloquei os quadros na sala para que Miguel os visse no dia seguinte.
Grande erro!... Fui à sala e vi Miguel todo esquisito. Antes de lhe perguntar se tinha gostado,
ele pediu-me calma, calma por favor... E o que vi foi traumático. Uma agressão contra mim
própria. Todas as telas cortadas como se fossem de Fontana! O meu enteado, Micky, um
rapaz de 16 anos. Quase enlouqueci, voltar para o Rio? Mandar Micky para outro país?
Impossível era a adoração do pai. Solução: mar, praia, solidão...
Fui para Tecolutla. Pequena aldeia quase na praia.
Não sei o que me deu, mas andando a beira da água senti-me como em transe. Vi linhas e
mais linhas em todas direções. Formavam quadrados, linhas perpendiculares, nunca eram
paralelas. Agora acho engraçado... e até tenho que agradecer ao rapaz que me fez entrar no
que iria ser minha linguagem! Fui ao “pueblito”, comprei um caderno e fiz linhas e mais
linhas. Voltei ao México queria pintar sobre uma tela cor de areia. Não tínhamos dinheiro
para comprar a tela grande que eu precisava. Mas vi dois quadros pintados de acrílico
vermelho. Fiz uma costura entre ambos e fiz linhas com uns pasteis que tinha dado à minha
filha.
Nasceu o quadro chave! Chamei-o de “Ritmo Partido”.
...Miguel disse: “Agora sim gostei. Continua.” Continuei, sim mas sem ele.
Parece que tinha pressentido a morte dele pouco tempo depois... “Ritmo 1- Partida”...
1965 – 1966
Deixa ver… Acho que lá por 65 fiz uma pequena exposição das placas que tinham sobrado,
em Dallas. Não tenho certeza, acho que foi onde mataram ao Kennedy por aí… Não tenho
vontade de procurar as minhas coisas. Estão numa confusão! Só sei que gostei porque me
roubaram uma placa. Pagaram-me o prejuízo e aplaudo a pessoa que roubou: tinha bom
gosto!
1967
Amizades com pintores, amizades que continuam até hoje. Manuel Felguerez, Lilia Carrillo,
Ricardo Rocha, Adrian Mendieta, Nacho Lopez, Jorge Olvera… Não vou citar todos são
muitos! Muita gente que logo me aceitaram, já não como a mulher de Miguel (que foi muito
importante na história da arte no México), mas como pintora. E tem mais, quando em 65 fiz
o quadro vermelho e mais telas com linhas, vieram a minha casa Pedro Coronel, Raul Herrera
e todos me disseram: “Aonde vai com estas linhas!” O único que entendeu e gostou foi
Felguerez.
Salão Independente 1968
Movimento artístico importantíssimo. Apoio aos movimentos estudantis contra o governo
de Diaz Ordaz. Olimpíadas e mortes. Não sei se você sabe da matança da Praça das Três
Culturas. Não, não sabe? Vou-te emprestar um livro que vai deixar você cheia de arrepios. É
algo que tem de se saber. Vi homens chorar, soube de muitas mulheres grávidas
atravessadas por baionetas de soldados enlouquecidos, soldados, quem sabe, drogados...
Soube de terríveis coisas feitas aos estudantes presos! Impossível esquecer... Ao mesmo
tempo Diaz Ordaz promoveu uma exposição, convidou todos os artistas a participar na
Exposição Solar (será exactamente este o nome? Já não sei). Então nós, “os bons”, política e
artisticamente, formámos este Salon de Los Independientes. Uma verdadeira revolução!
Formidável, fantástico, uma coisa com repercussão nacional e mundial. Anos depois se viu
o quanto éramos realmente os melhores. Durou três anos!
1970 - Pintura Mexicana, Casa de las Americas, L'Avana, Cuba.
E sabe que só devolveram um quadro à maior parte dos que participámos? Cada um tinha
mandado dois! Anos mais tarde, muito mais tarde também em Cuba ficaram com uns 20
desenhos meus, acho que dos melhores. Nunca ninguém soube como, aonde, quem...
1971 - Centro di Arte Moderna, Guadalajara.
Todos nós, do Salon Independiente, fomos convidados a pintar um mural, ou melhor dito
um quadro grande, seria um acontecimento efémero! Tenho vertigem a um metro do chão e
ali era muuuuuuuuuuito mais alto. Eu somente pude pintar com um companheiro perto de
mim.
1972
Por razões tristes, fui ao Brasil e fiquei um ano... Meu pai necessitava de mim, minha mãe
tinha falecido...
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Mère?Père?
Etes-vous encore là
Sous cette terre
Meurtrie par toutes ces guerres
Attendez
J’arrive
Vais vous sauver vous caresser de mots vous murmurer
-Murmure-t-on aux morts?-
Ou crier pour qu’ils vous entendent…
M’entendez-vous?
Vous avez pris racines
Vos racines s’étendent
Vous avez su nous sauver
Nous nos semEnces et racines
Vous avez déjà pleins d’arrière petits enfants
La terre qui vous couvre
Vous l’avez rendue fertile
Merci.
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Mas continuei pintando e combinei com Franco Terranova uma grande exposição para 73.
Chegou 1973, ano fatal para Chile. Para o grande homem Salvador Allende. Soube que o
tinham "suicidado ". Lágrimas de raiva de tristeza por este homem que tive a honra de
conhecer na casa de uns amigos, conversando em frente de um cafezinho... Agora resta
recordar.
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déchirants cris
Sauvages
Nous atteignent
Nous heurtent telle une hémorragie
Portes fermées
Aux seules vraies fois
Liberté paix justice
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1 commento:

João Menéres ha detto...

Quantos capítulos faltam, Myra ?
É que quero ler tudo seguido...

Um beijOOOOOOOOOOOOOOO