martedì 18 aprile 2017

Em 1957, acho, um pintor veio ao Rio da parte de Tatin para ver o que eu estava pintando.
Ficou entusiasmado e escolheu umas pinturas, as primeiras. Eram sobre papel e destinavamse
a uma exposição na galeria Muller em Buenos Ayres onde ele vivia. Meu pai olhou feio...,
mas como eu não iria estar presente, tudo bem. Mas foi tudo mal. Nunca recuperei estas
pinturinhas. O pintor dizia que as tinha mandado e o responsável da galeria a mesma coisa.
Nunca chegaram. Uma experiência muito desagradável.
Pela mesma época fui aprender gravura com o mestre dos mestres de todos os gravadores
do Brasil. Oswaldo Goeldi. Que personagem que artista... Buril, ponta seca, água forte. Umas
técnicas mágicas que um dia me irão levar às placas de metal. Um dia Oswaldo diz-me: “Vai
para casa, trabalha sozinha. Desenhar tu não sabes, mas vais ser uma óptima gravadora”.
Não soube o que pensar nem o que quis dizer! Só muito mais tarde!..
.
Agora também já não sei… A minha cabeça não é um computador. Calma!

De 1957 a 1959 continuei pintando... Mas que surpresa. Um dia Mário Pedrosa, conhece,
certo? Ah, não sabe quem é? Era (sim, infelizmente era) uma personagem. Foi o único que
saiu para o Chile na época da ditadura. Grande historiador de arte, critico honestíssimo,
Ele não sabia que eu pintava mas sabia que falava várias línguas. E precisava de mim para
receber uma série de artistas, arquitectos e historiadores que vinham convidados pelo
governo à inauguração de Brasília. Não imaginei naquele momento que a minha vida iria
mudar. Foi incrível conheci muita pessoas, que depois soube que eram importantes, como
Bruno Zevi, arquitecto italiano, Jacques Lassaigne editor de livros de arte, Michele Muraro,
curador do Museo do UFIZZI, em Florença, Kessler, escultor, Meyer Shapiro,
importantíssimo escritor. E ali Mário Pedrosa ficou amigo! Esqueci, uma coisa simpática,
dancei com Alexander Caldwell, gordo, bêbado, mas que bem dançava...








museo Salvador Allende

foto 1 - Mario Pedrosa
foto 2- Oswaldo Goeldi
foto 3 - Ritmo Rojo versao 3

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Não havia entendido porque queriam esta entrevista. Acho que já é o momento de
esclarecer algo absurdo. Não era uma entrevista que queriam, mas que diante das minhas
pinturas fizesse um comentário, algo sentimental ou quem sabe o quê!... Pareceu-me
completamente estranho. Não é o artista que tem de expressar isso. É aquele que vê e
apenas se vir ou sentir algo. O artista acredita… e isso basta. Acho que o que vale é o que fiz.
O resto, o tempo dirá.

3 commenti:

Li Ferreira Nhan ha detto...

Myra, não sei quem é Alexander Caldwell. Será que você quis dizer Calder? Esse era gordo... :))
Beijos querida

Luísa ha detto...

Hummmm!!!
Quantos lenços de seda já vi, nas linhas apresentadas?
E quantas echarpes teceu no neu imaginario?
Maravilhosa criatividade q me keva a divagar!
Beijinho

Branca ha detto...

Continuo seguindo aqui teu percurso passo a passo, um percurso em crescendo. Continua Myra. Nasci em 1954 e tudo isto se passa na minha infância, mas vislumbro já por aqui um período que acompanhei muito na minha adolescência e juventude, ou seja o período de grandes transformações políticas no Chile e gostei muito de ver o teu Ritmo Rojo versao 3, no museu Salvador Allende.

Beijos carinhosos.