Mas não estava convencida. Pintei ainda mais abstracto, ainda mais misterioso e gostei.
Coloquei os quadros na sala para que Miguel os visse no dia seguinte.
Grande erro!... Fui à sala e vi Miguel todo esquisito. Antes de lhe perguntar se tinha gostado,
ele pediu-me calma, calma por favor... E o que vi foi traumático. Uma agressão contra mim
própria. Todas as telas cortadas como se fossem de Fontana! O meu enteado, Micky, um
rapaz de 16 anos. Quase enlouqueci, voltar para o Rio? Mandar Micky para outro país?
Impossível era a adoração do pai. Solução: mar, praia, solidão...
Fui para Tecolutla. Pequena aldeia quase na praia.
Não sei o que me deu, mas andando a beira da água senti-me como em transe. Vi linhas e
mais linhas em todas direções. Formavam quadrados, linhas perpendiculares, nunca eram
paralelas. Agora acho engraçado... e até tenho que agradecer ao rapaz que me fez entrar no
que iria ser minha linguagem! Fui ao “pueblito”, comprei um caderno e fiz linhas e mais
linhas. Voltei ao México queria pintar sobre uma tela cor de areia. Não tínhamos dinheiro
para comprar a tela grande que eu precisava. Mas vi dois quadros pintados de acrílico
vermelho. Fiz uma costura entre ambos e fiz linhas com uns pasteis que tinha dado à minha
filha.
Nasceu o quadro chave! Chamei-o de “Ritmo Partido”.
...Miguel disse: “Agora sim gostei. Continua.” Continuei, sim mas sem ele.
Parece que tinha pressentido a morte dele pouco tempo depois... “Ritmo 1- Partida”...
1965 – 1966
Deixa ver… Acho que lá por 65 fiz uma pequena exposição das placas que tinham sobrado,
em Dallas. Não tenho certeza, acho que foi onde mataram ao Kennedy por aí… Não tenho
vontade de procurar as minhas coisas. Estão numa confusão! Só sei que gostei porque me
roubaram uma placa. Pagaram-me o prejuízo e aplaudo a pessoa que roubou: tinha bom
gosto!
1967
Amizades com pintores, amizades que continuam até hoje. Manuel Felguerez, Lilia Carrillo,
Ricardo Rocha, Adrian Mendieta, Nacho Lopez, Jorge Olvera… Não vou citar todos são
muitos! Muita gente que logo me aceitaram, já não como a mulher de Miguel (que foi muito
importante na história da arte no México), mas como pintora. E tem mais, quando em 65 fiz
o quadro vermelho e mais telas com linhas, vieram a minha casa Pedro Coronel, Raul Herrera
e todos me disseram: “Aonde vai com estas linhas!” O único que entendeu e gostou foi
Felguerez.
Manuel Felguerez tem um Museu com seu nome e ele escolheu os artistas que iriam a fazer parte deste- Indo a Veracruz escolher um artista, so me escolheu a mim!!!!Um Triptico'
casa no Mexico DF.
luis Lopez Losa --- pintor que me ajudou
a encontrar galerias ao chegar no Mexico
Manuel Felguerez - estes dois artistas
foram tambem meus primeiros amigos
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9 commenti:
Myra, demorei pra vir, mas cheguei. Li os atrasados e gostei de saber mais de ti e tua vida! bjs, chica
que bom que veio, obrigada querida Chica, muitos beijinhos////
Tanta historia de vida! Tanta maravilha pintada! Tanto de si por cada linha já lida....e muito mais haverá a ler.
Beijinhos. Voltarei
Gostei muito de continuar a ler esta tua crescente, aplicada e brilhante carreira nas artes plásticas.
Um beijinho de boa noite
Luisa e Branca queridas amigas, nao podem imaginara como fico contente de ver voces aqui!!! e com palavras que fazem tanto bem...agora nesta epoca em que ando sem mais confianca em mim...beijos
Se ontem não tive tempo para ler, hoje aqui estou deliciado a ler-te, querida Myra !
que bom querido Joao, que gosta !!!!!!!! amanha vai ter outro episodio...:)
Que história Myra!
Miguel viu tua li guagem, o teu caminho e que bom que você continuou.
Beijos
li querida , SIM! ele era um mago.....gosto muito de voce,,,
bjos
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