venerdì 26 maggio 2017

ultima parte - Foz de Iguassu - 1973 -

Ouvi tosses, ouvi risadas, o
homem à minha frente parecia divertir-se, coloquei a mão sobre a arma apontada, por favor, tenente, o suor escorregou da nuca dentro da camisa, isso não é jogo de pôquer, seu idiota, pensei, nem um romance de Paul Auster, lá vou eu com essa mania, minha mente invocou Deus e o Demônio, os ruídos longínquos da obra não são trombetas dos santos alados, desista, ninguém liga para essa baboseira, senti-me um tolo, apertei os dedos, a mão armada cedeu,
virei o rosto, deu tempo ao tenente para guardar o revólver. — 
Tenente, mais um favor, manda seu pessoal baixar os mosquetes. O cerco dos homens cada vez mais próximo sufocava-me, o odor de suor e cachaça entrou pelas minhas narinas, senti ânsias de vômito. — Tenente, obrigado, agora dê ordem de meia volta, volver. Pés arrastaram-se sobre pedriscos, o odor de suor e cachaça mais
próximo. — Tenente, o pessoal tá cercando. Sim senhor, sim senhor, voz solitária, depois mais outras, todos em coro, tive vontade de gritar "Parem! Parem! Não agridam!". Mas permaneci calado, imóvel, sabia que a exclamação coral não passava de deboche jocoso dirigido a mim, sorri, ainda vou levar a melhor. Olhei o relógio, duas da madrugada, faltavam cinco horas
para a mudança de turno, escutei a ordem dada pelo tenente, vi a tropa retirarse em silêncio pelo corredor humano aberto no meio dos operários, esperei o último meganha sumir na noite, coloquei um cigarro entre os lábios, apaguei a chama do isqueiro, chamei um dos encarregados: — Junta o pessoal! — Sim senhor. — Todos pra revezar o turno da noite! — Mas, doutor, se me permite... O movimento da minha mão calou-o. — Todos! — Sim senhor!
Joguei o cigarro aceso no chão, apaguei-o com a bota, fora um aperto, mas tudo estava resolvido. Voltei à casa de hóspedes, ela e os outros me aguardavam. — Como foi? Ouvi, não respondi. Peguei minha mulher e fui para a minha choupana.

Orgulho-me para sempre desta noite, foi em 1973.







Paul Auster um dos escritores preferidos de Iosif.

6 commenti:

João Menéres ha detto...

SIM SENHOR !
Histórica essa noite, Myra.

Um beijo e obrigado.

myra ha detto...

sim Joao, historica meesmo...so soube pelo livro...me assustei depois...de que poderia ter acontecido!
beijos meu querido Joao

Existe Sempre Um Lugar ha detto...

Olá, finalmente encontrei a amiga desaparecida, gostei de a encontrar e passar por aqui, assim sei que está bem.
Feliz fim de semana,
AG

myra ha detto...

oi, AG, boa surpresa! sim estou bem obrigada espero que voce tbem!

Li Ferreira Nhan ha detto...

Como bem disse o João; histórica!

myra ha detto...

tremendamente historica...ainda bem que somente soube este acontecimento mto tempo depois...beijos querida LI